você não estava presente. não sei quando esteve. um dia percebi que nunca soube quem você era.
comida mal comida, noite mal dormida.
os lençóis não lhe abraçavam a noite.
desconfio obrigação.
tanto tempo ali, dividindo a cama, o almoço, os carinhos, as contas.
mais do que nunca desconfio obrigação.
mais do que comum não prestar atenção.
dar ouvidos a seu umbigo apenas, fingir que se interessa.
eu ouvia uma música todos os dias e você sempre perguntava de quem era.
e eu não percebi essa distância.
de quem é a responsabilidade?
eu me sentia intensa mas não consigo determinar a verdade.
apenas um caso comum de gente que não se encontra, gente que passa despercebida.
e você não percebe.
e você acha, você sente, você insiste.
que tudo é amor.
mas no final, você não tem nada.
não soube se doar de verdade.
agora eu me encolho na cama, chorando baixinho.
pensando no momento ideal para recomeçar.
tudo de novo.
inspirado no Enrico e na Joana
2 comentários:
Belo Texto
não li o conto que te inspirou, mas o ritmo desse texto tá intenso. terminei de ler com um nó na garganta, um incomodo. e os casos comuns acontecem com qualquer pessoa, todos os dias.
de quem é a responsabilidade?
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