13 de janeiro de 2009

lembranças

"Acho muito razoável a crença céltica de que as almas daqueles a quem perdemos se acham cativas em algum ser inferior, em algum animal, um vegetal, uma coisa inanimada, efetivamente perdidas pra nos até o dia, que para muitos nunca chega, em que nos sucede passar por perto da árvore, entrar na posse do objeto que lhe serve de prisão. Então elas palpitam, nos chamam, e, logo que as reconhecemos, está quebrado o encanto. Libertadas por nós, venceram a morte e voltam a viver conosco.
"É assim com nosso passado. Trabalho perdido procurar evocá-lo, todos os esforços de nossa inteligencia permanecem inuteis. Está ele oculto, fora de seu domínio e de seu alcance, em algum objeto material (na sensação que nos daria esse objeto material) que nós nem suspeitamos. Esse objeto, só do acaso depende que o encontremos antes de morrer, ou que não encontremos nunca"


Em Busca do Tempo Perdido, por Marcel Proust, livro um - No Caminho de Swann - traduzido por Mario Quintana.

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