4 de dezembro de 2010

eventualmente ele me puxava pelo cabelo e me deixava de joelhos naquela posição voce-sabe-qual para fazer voce-sabe-o-que.
seu pau tinha um gosto de saudade eterna daquilo que eu nunca vivi (nem viverei) e eu fazia com gosto.
por muitas vezes eu tentei entender o que significava essa artimanha toda, ou o que significava todo esse processo destrutivo na qual eu insistia em me meter. eu continuo tentando entender, mesmo sabendo que, no final do ano, do mes, do dia, da vida, a resposta já está plantada na minha cabeça.
eu repetia esse movimento de ir voltar. de bater a cabeça contra a parede, de desejar sofrer por alguma coisa que já nem sabia se valia a pena. eu esperava e esperava. esperava todos os dias para ver se eu mudava de idéia.
eu insistia em retornar ao começo toda vez que enxergava o final.
eu não sei por quanto tempo fiquei assim. hoje eu me vejo num espelho distorcido. e mesmo sabendo dessa distorção, continuo olhando. inevitabilidade.
deixei as unhas crescerem por falta de vontade de cortá-las. deixei os cabelos crescerem por falta de vontade.

e as vezes, só as vezes e eu diria bem as vezes, coisa de uma ou duas vezes em uma vida inteira, eu acredito que não mereço essa desonra.

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